Bom dia (ou boa tarde/noite, depende da hora em que você estiver lendo isso aqui).
Mais uma vez a vida prova que quanto mais a gente planeja a longo prazo, mais as coisas não acontecem da forma planejada. As vezes pra melhor, as vezes pra pior... isso jamais saberemos, pois indo por um caminho, o que poderia vir a acontecer no outro se perde em um tempo/espaço que no fim das coisas jamais existiu. Nada impede de seguir por esse rumo deixado de lado, por alguma outra via, em algum ponto distante no futuro, mas o agora, o hoje, é o que temos. E é nele que deveríamos nos focar.
Mas o fato é que é impossível deixar de planejar. Viver um dia de cada vez e deixar a vida levar, sem tentar definir um rumo, é uma tarefa complicada pra mim. Mesmo que eu acabe não seguindo o rumo que imaginei no princípio, ou mudando de ideia ao longo do caminho, pensar em como as coisas vão ser e no que eu devo fazer pra isso é quase uma necessidade. Uma necessidade que as vezes me enlouquece, pois não consigo encaixar todas as peças, fico cheia de incertezas e isso me faz ansiosa. Ora, mas o futuro é incerto. O máximo que se pode tentar fazer é direcionar nossas atitudes, foca-las num objetivo. Mas a partir do momento em que damos esse objetivo como certo, e fazemos planos para quando ele estiver concluído, sem que tenha realmente deixado de ser apenas uma meta, estamos aptos à decepções. Por isso, se você assim como eu não consegue deixar de planejar, é sempre bom ter um plano B. Tenha mais de um foco. Caso um não funcione, você já tem outro encaminhado. Isso evita uma total frustração. Acho.
Mais ou menos nessa mesma época do ano, em 2011, eu planejei algumas metas para o que seria do meu 2012, e consequentemente dos anos seguintes. Planejei fazer pré-vestibular durante todo o ano seguinte. Planejei ser aprovada em uma faculdade federal. Planejei como seria minha vida em uma nova cidade, visto que não há federais aonde moro. Imaginei como seria ter que deixar minha casa, meu emprego, minha zona de conforto, e desbravar um lugar novo. Ser mais independente. Tentar um emprego novo. Conciliar com uma faculdade nova, em uma cidade nova, numa casa nova, com gente nova. Tudo novo, diferente.
Quando o ano de 2011 terminou, eu comecei a por em prática os meus planejamentos. A primeira coisa a se fazer era procurar por um bom curso pré-vestibular. Encontrei. Matriculei. Durante 2012 inteiro, trabalhei de dia, estudei de noite. A princípio focada na minha meta, utilizando todo o tempo livre para estudar e revisar o que tinha aprendido em aula. Com o passar dos meses, a agenda foi lotando, e a disposição diminuindo. O cansaço em alguns momentos dominava, chegava na aula já com sono, as vezes mal tinha vontade de ir, mas ia. Nos poucos momentos que tinha em casa, escolhia desfrutar da cama ao invés dos livros. Afinal era um descanso merecido depois de um dia cheio. Depois de consecutivos dias cheios de tarefas.
Quando o final de 2012 se aproximou, eu não se sentia completamente preparada. Não tinha estudado o suficiente. Estava com medo. Não da prova, mas da mudança que ir bem nela acarretaria na minha vida. Todos aqueles "novos" começaram a me assustar. A expectativa de deixar muito do que adoro pra trás. Ainda assim, minha intenção era ignorar o medo e seguir em frente, se assim fosse necessário. Tenho ciência de que não me preparei como deveria, mas me preparei dentro do meu limite, dadas as circunstâncias reais e psicológicas. Embora tenha melhorado os pontos em que já era boa, não me aprimorei muito em pontos que sempre fui ruim. Nem me interessei muito em focar neles, por puro desgosto. Preferi me sentir inteligente, seguindo naquilo em que sabia que era boa, à me sentir inútil e burra diante daquilo que não consigo compreender.
Feita a prova, o que pude concluir é que fui bem naquilo em que eu me garantia, e mal naquilo em que nunca fui boa e não me interessei em aprimorar. Balanceando ambos, o resultado final foi razoável, eu diria até que bom, porém não foi o suficiente.
A mudança ficou pra trás. Ao menos essa mudança. Não significa que as coisas vão continuar iguais, afinal tenho um plano B. Menos glamouroso, mas ainda assim, um plano. Agora o cursinho acabou, o que quer dizer que terei as noites livres. Logo vou tratar de ocupá-las. De preferência, com aulas de direção, afinal outro ponto em que me sinto inútil é ter 22 anos e não saber dirigir. Nem em conceitos básicos. Nada. Pois vou aprender. E vou trabalhar aos montes, juntar dinheiro e comprar um carrinho, pois estou farta de fazer as pessoas de taxista, ou andar a pé no calor escaldante/frio congelante/chuva torrencial. Ou perder horas importantes da minha vida na parada de ônibus, que nunca cumpre horário pré-definido. Também quero focar na minha saúde, e voltar pra academia. Em 2012 o sedentarismo tomou conta de mim, não havia espaço para exercícios na minha agenda. Em 2013, eu vou abrir espaço. Eu PRECISO disso.
Por um lado estou aliviada por permanecer, tenho muitas coisas não concluídas aqui, é um ciclo da minha vida que ainda não encerrou, e eu ia me sentir mal em começar um novo ciclo, sem ter concluído tudo a que me dispus aqui. Não quer dizer que a mudança, e todas aquelas novas coisas que ela acarreta, tenham sido completamente abandonadas. Como disse lá no início, nada impede de seguir esse caminho, por uma outra via, no futuro. Eu achei que esse futuro seria agora, ao fim de 2012, mas a vida me mostrou que o que eu achei estava errado. Ainda assim, é impossível deixar de planejar.
O que concluo, ao finalizar esse post, é uma característica da minha própria personalidade. Não é uma boa característica se formos analisar. Eu me prendo muito naquilo que tenho como certo. Minha vida aqui, minha família, meu emprego, minha casa, estudar somente aquilo em que sei que sou boa. Tenho medo de me frustrar. Medo de tentar algo novo e errar. De trocar uma vida pacata e garantida, por uma incerta e cheia de desafios que não sei se estou preparada para encarar. De persistir estudando algo que não consigo compreender, algo em que sou lenta, e erro muito, e é difícil pra mim.
Eu só vou superar esse medo de frustrações quando aprender a dar a cara a tapa, me jogar de cabeça nas situações, sem pé atrás. Sair totalmente da zona de conforto. Me dedicar e me aprimorar naquilo que sou ruim, até ser boa. Persistir no incerto, até acertar. E só vou saber se estou realmente preparada para encarar determinados desafios, na prática. Fazendo. Nunca se pode ter certeza, se nunca se saiu da teoria. E ao concluir, terei o dobro de experiências, o dobro de conhecimento, serei melhor em muito mais do que sou hoje. Só preciso perder o medo de tirar os pés do chão de vez em quando. Eu não quero criar raízes, mas posso criar asas. Mesmo que o processo seja dolorido, a conclusão será gratificante. É preciso agir.