quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Causo da Hippie da Praça

Pois bem então, como prometido... vou dar início ao que pretendo que seja uma lista contando alguns causos que ocorreram nesse meio tempo. Vou começar por esse bastante peculiar, que ocorreu em uma das primeiras semanas em SP.
Certo dia, por volta das 18.. 17hs... cansados de ficar em casa o dia todo, no calor que se encontrava, resolvemos sair pra dar uma volta. Não iríamos muito longe, apenas numa sorveteria logo alí, do lado da pracinha. Estávamos em 3.
Chegamos à sorveteria, pegamos nosso delicioso cascão e fomos saboreá-lo num dos bancos da praça. Só que quando terminamos de comer o sorvete, ainda não estávamos muito afim de voltar pra casa, e como todo bom gordo, resolvemos andar até o mercado que fica a algumas quadras dalí, e ver se comprávamos alguma coisa. Comentei que nunca tinha comido pringles, amigo nosso comprou uma pringles, que nós não iríamos comer no seco, ao que compramos mais 2l de coca, que nos induziu a comprar um vinho pra misturar, que nos levou à ala de bebidas alcoólicas, que nos induziu a comprar uma... baianinha, porque era barata e era sabor côco. (ou cocô... era uma bosta, no fim das contas.)
Trocadilhos imbecís à parte, pegamos as compras e tomamos o rumo de casa. Casa? Passamos novamente pela pracinha no caminho, olhamos praquelas mesinhas... tão convidativas! Resolvemos ficar por alí mesmo. Arrumamos uma mesinha estratégicamente posicionada embaixo de uma árvore, próximo a um poste, e começamos a nos deliciar com a nossa batatinha, e nossa coca. Nessa hora a gente percebeu que não tinha um saca-rolhas por perto pra abrir o vinho. Como agir? Ah.. bebe a coca, oras... leva o vinho pra casa que depois a gente vê.
Nisso, se aproximaram da praça um grupo de hippies vendedores de colar de semente, brinco de pena, e demais apetrechos que a maioria deles vende. O grupo era composto de uma mulher miudinha, um homem, um moleque e um cachorro. Sentaram-se em uma das mesinhas da praça, a uns 10 metros da nossa. Alguns minutos depois, a mulher se aproximou de nós com a sua 'tela de trabalhos', perguntando se a gente se interessava, se queria levar algum. Falamos que estávamos sem dinheiro e tal, aí ela sentou e começou a conversar, falar de coisas como "a força interior", falou que eu tinha uma luz, e muitas coisas mais que nem me lembro. Aí ela olhou pro nosso vinho, ao que a gente disse que não tinha como abrir. Ela perguntou se podia abrir pra nós. Beleza, abre aí, MacGyver! Aí ela puxou um alicate do meio dos dreads, catou a garrafa e cravou ele na rolha.
"-Ces querem que ponha a rolha pra dentro ou pra fora?" 
"-Ah... de preferência pra fora né..."
"-Então ce segura aqui, torce e puxa, que eu não tenho força."
Beleza. Não deu muito certo, a rolha acabou entrando e ficou boiando no vinho lá dentro da garrafa. Dos males o menor, ao menos a garrafa estava aberta!
Aí ela pegou a garrafa e deu uma golada generosa antes de nos devolver. Confesso que fiquei com nojinho de tomar aquele vinho depois.
Ela continuou papeando, contando histórias da vida dela, perguntou nossos nomes, e disse que se chamava Indra. Aí perguntou nossas idades, e se empolgou dizendo: "Olha só! É da idade do meu filho mais novo!" Ao que ela se virou pra trás, em direção à mesa que os outros hippies ainda ocupavam, e gritou: "ARCO-ÍRIS, MEU AMOR! VEM CÁ!"
Hã? Que? Cuma? Arco-Íris? ...aí o moleque da outra mesa se levantou e veio se sentar ao lado da mamãe Indra, que estava empolgada com o fato das idades aparentemente baterem. 
A gente até perguntou "Ei cara, como é teu nome?" ...moleque abaixou a cabeça ao responder "Arco-Íris."
Então ela começou a falar de todos os outros... perdi a conta de quantos filhos eram, mas o mais velho tinha em torno de 25 anos. Aí ela disse que era fértil pra gêmeos, que já teve quadrigêmeos... e a idade dela mesma, uma hora disse que era 47, depois 50, depois 38... no fim das contas não faço a mínima idéia. Aí resolvemos perguntar do pai, se ela tinha um marido. Ah... eles todos tinham pais diferentes... ela disse que não tinha um marido, mas que atualmente estava namorando o cara que estava acompanhando eles, chamado Isaías. Que aliás era da idade do filho mais velho dela. Aí ela chamou o cara, que veio com o cachorrinho no colo, que na realidade era uma cadela, a Pérola, e estava enoooooooorme de gorda, prenha, prestes a ganhar os filhotinhos. Conversa vai, conversa vem, ela puxou um celular e começou a nos mostrar fotos dela e das pessoas com quem ela interagia pela rua. Algumas ela pulava falando que "Essa é íntima!". Não que a gente quisesse ver, assim... ela tinha o suvaco peludo, imagina o resto. Ew... tá bom... não precisa imaginar.
Em certo ponto um grupo de jovens "mlkt 100% bmx mlk é nóis" passou pela praça em direção à rua de cima, ao que ela berrou: "-Ô, CUZINHO DE APERTAR LINGUIÇA! QUER LEVAR UM TRABALHO MEU?" ...os caras meio que fugiram. Porque será né? Tão simpática ela!
Só sei que no meio do papo ela retomou o assunto da força interior, perguntando qual era a nossa força e tal e coisa.. nisso acabaram com nosso vinho, e já que a baianinha era uma bosta a gente deixou pra eles também. Até a garrafa. Isaías falou que ia cortar ela pra fazer um narguilé. Boa sorte tentando.. lol
Lindo foi quando ela encarnou no meu namorado ao ver que ele carregava um violão, que por sinal estava só com 5 cordas. Me perguntou se podia dar um abraço nele, aí começou a insistir pra gente deixar ela tocar um reggae no violão. "-Não não.. é de estimação.. eu não deixo ninguém tocar!" ...ahaaaaaaanm... era só pra ela não pegar mesmo. No fim das contas ela ganhou pela insistência, mas nem tocava nada não. LOL
Ah sim, ela também quis tirar uma foto usando a touca dele, que aliás é minha, e deve ter ficado toda fedida e cheia de piolho dos dreads dela.
Depois disso ela pegou de novo o seu 'mural de trabalhos' e pediu pra eu escolher um brinco. Escolhi uma borboleta sem par, e ela me deu. For free! E perguntou se eu gostava mais de coração, flor ou estrela. Falei "estrela", ela foi catar um anel de cobre retorcido pra me dar. Diz ela que é uma estrela... beleza né!
Esqueci de comentar que ela disse ser dona de uma fazenda em Machu Picchu, e outra na Bolívia, e outra em sei lá mais aonde.
Quando a gente quis levantar, ir embora... já tinha dado umas moedas pra ela e tal... ela veio nos abraçar pra se despedir, falando que queria encontrar a gente de novo, que iria estar na cidade por mais dois dias na praça pros lados da rodoviária junto com os outros hippies. Nesse ponto já tava me chamando de 'irmã', falando que eu tinha um futuro muito feliz no meu destino, e mais umas viagens. Aí ela catou do bolso do Arco-Íris o punhado de moedas que demos pra ela mais cedo, e atirou longe, falando que não queria nosso dinheiro, só queria a nossa amizade (e o nosso vinho... e a baianinha...), e que eles não eram pessoas apegadas a bens materiais. E foi isso! Voltamos pra casa rindo e com uma história pra lembrar... 
Agora toda vez que vejo um arco-íris, penso "Opa! O Arco-Íris tá na praça!".. lol

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De Volta pra Minha Terra...

Nãããããão, não tem nada a ver com aquele programa do SBT... HAUIHAUIA
Mas de fato, estou de volta ao RS, embora metade de mim tenha permanecido em São Paulo.
Foram sem a menor sombra de dúvida os dias mais... mais.... felizes, animados, sei lá, só sei que já tava chorando de saudade antes mesmo de comprar a passagem de volta.
Ganhei uma família nova, uma casa nova, duas cachorras... ahuahuiahuia.... digo isso porque tenho tanto carinho por estes que levo dentro de mim como se fossem meus. Deixei lá metade do meu coração, mas trouxe comigo ainda mais motivação pra fazer tudo dar certo. E até isso acontecer, meu tempo e minha mente estão divididos entre dois estados, duas cidades, duas famílias.
Eu não sou a primeira, nem vou ser a ultima pessoa do mundo a namorar à distância, e quem já passou por isso sabe como a saudade dói, como o reencontro parece ser o dia mais feliz da sua vida, e como as despedidas são tristes e dolorosas. E como cada dia que se passa ao lado de quem se ama é importante, e vai ser recordado com carinho durante o período da saudade. 
Como eu disse, não sou a primeira nem a ultima pessoa a passar por isso, mas sou uma das poucas que vai levar até o fim, que vai fazer dar certo. Afinal não estou lutando por isso sozinha.
Enfim, esse é só um preview sobre esse tempo que estive fora. Durante esses dias, ocorreram vários "causos" que pretendo separar em posts próprios, tipo o causo do caldo de cana no mc donalds, e outros mais que vou postando conforme for lembrando, for tendo tempo, ou vontade de escrever, belê?