Olá, galerinha sangue bão.
No post anterior, deixei uma deixa (oh rly) do que viria por aí. E cá estou eu pra contar pra vocês mais uma das proezas que a vida me apronta, nessas pequenas tragédias cotidianas.
Quem me segue no twitter acompanhou mais de perto a minha indignação diária com uns lances que vinham acontecendo, relacionados às minhas aulas práticas de direção.
Aliás, se tu ainda não me segue, tá esperando o que, mané? @Eka_ ...é nóis!
Pois bem. Vou alterar levemente o nome dos cidadãos envolvidos, pra poder falar o que bem entender deles tranquilamente sem ninguém me encher o saco, beleza? Beleza. Então senta que lá vem história.
Dia 24 de Abril - Fiz a prova teórica, e passei.
No dia seguinte, fui até o CFC com o resultado, pronta pra marcar minhas aulas práticas. Pensava em começar imediatamente. Não foi o que aconteceu. Aparentemente pessoas que trabalham não podem fazer as aulas práticas fora do horário de trabalho, porque eles não atendem nesses horários. Pra melhorar, minha agenda de trabalho tem horários variados e aleatórios ao longo da semana, de acordo com meus alunos... de manhã, de tarde, de noite. Enfim. Foi complicado arranjar algum instrutor que tivesse horários na agenda, que batessem com os meus. Mas encontrei. Pra começar dia 27 de Maio. Pois é, mais de um mês depois.
Meu instrutor seria um tal de "Cleber", e eu aprenderia a dirigir em um pálio, foi o que me disseram.
Nunca cheguei a conhecer o Cleber.
Passado quase todo o mês de espera, recebo uma ligação do CFC, solicitando que eu trocasse alguns dos meus horários, caso houvesse a possibilidade, pois havia alguém que precisava muito do meu horário pra poder fazer a prova. Fui lá, como uma alma de bom coração, trocar meu horário.
Descobri que minha agenda já estava completamente alterada, sabe-se lá porque. Metade das aulas estavam marcadas para o pálio do senhor Cleber, e metade das aulas estavam marcadas num gol, com outra instrutora, a senhora "Ivana".
No fim das contas, nem a senhorinha da recepção que estava marcando as minhas aulas entendeu o porquê disso, apenas mudou a agenda de novo, pra que todas as aulas fossem feitas no mesmo carro, com o mesmo instrutor. Acabei ficando somente com a dona Ivana, no gol. Adeus pálio, nunca cheguei a dirigi-lo.
Antes mesmo de iniciar as aulas com a dona Ivana, recebi outra ligação do CFC, me informando que 3 das primeiras aulas deveriam ser canceladas/remarcadas, porque a senhora Ivana estaria indisponível. Mas que minhas aulas iniciariam normalmente, no dia 29. E assim foi. Dia 29 tive minha primeira aula com dona Ivana, no gol. Dona Ivana é uma senhorinha gente boa, mas meio medrosa. Ok, ela estava se borrando de medo de andar pelas ruas desertas comigo, a noite. É inverno, escurece cedo. A aula começava as 20hs.
Vale lembrar que eu nunca havia dirigido nada mais potente que uma bicicleta, na vida, e não tinha noção alguma dos comandos do carro. O gol não tinha luz interna. Nem sequer via os pedais. Mas ela me botou pra dirigir por aí de qualquer forma. Até que não foi tããããão ruim assim. Quando passávamos por pessoas suspeitas paradas em ruas desertas, ela me mandava até acelerar mais. Beleza.
Sabe, eu até fui com a cara da senhorinha Ivana, apesar de tudo. Mas ela me informou que à partir da semana seguinte, trocaria de turno... não trabalharia mais de noite. Trocaria de carro também, ou seja, trocaria de alunos. E não soube me informar qual instrutor ficaria responsável pelos alunos do gol.
Dia 31 de Maio, eu tinha uma aula marcada pras 17hs. Saí do trabalho direto pro CFC. Cheguei lá e perguntei quem seria o meu instrutor. Não seria. Eles simplesmente NÃO tinham outro instrutor pra disponibilizar para os alunos do gol. Seu "Omar", responsável pelos agendamentos, anotou meu número de celular e também o de casa, e ficou de me ligar na segunda feira, dia 3, pra me informar se eu teria ou não aulas no dia seguinte. Voltei pra casa desolada. (E o senhor Omar nunca me ligou.)
Dia 4 de Junho, teria mais uma aula. Estava marcada pras 20 horas. Como o senhor Omar não ligou ou deu sinal de vida pra me avisar sobre minhas aulas, ao meio dia peguei o telefone e liguei pro CFC, procurando informações. Queria saber se já haviam arranjado um instrutor pra mim. A mocinha que me atendeu não soube me informar, disse que eles estavam resolvendo aquele assunto no momento, e me pediu pra ligar de novo mais tarde.
Mais tarde eu estaria trabalhando... a tarde toda. Mas arranjei uns minutinhos pra tentar ligar do celular. Celular este que diga-se de passagem não funcionou, uma vez que nesse lindo dia TODOS os celulares da Claro, na região, ficaram sem sinal. Por mais de 24 horas. Não preciso nem dizer né, fiquei incomunicável. Eu havia passado o meu número de casa também, mas óbvio, ninguém ligou.
Saí do trabalho e fui pro CFC descobrir o que tinha acontecido, o que tinham decidido. Dei de cara na porta. Não tinha ninguém lá pra me informar, somente o instrutor teórico, e este também não sabia de nada. Voltei pra casa mais uma vez, sem sucesso.
É aqui que a novela começa a ganhar forma...
Dia 5 de Junho, já indignada com o descaso da situação, e com o rumo que tudo estava tomando, liguei novamente pro CFC. Me informaram que já tinham arranjado um instrutor, um tal de "Célio", e que as aulas daquele dia ocorreriam normalmente. Vibrei! Finalmente! Minha aula desse dia estava marcada pras 20 horas. Hora marcada, lá estava eu novamente no CFC, pronta pra minha aula. Eis que olho a agenda deles, onde eu deveria assinar, e me deparo com ISSO:
Sim meus queridos. Valeska sou eu, e sim. Eles fizeram essa proeza mesmo que vocês estão vendo. Riscaram meu nome do horário das 20hs, e alteraram porcamente à caneta, pras 16hs. E NÃO ME AVISARAM. Nem sequer perguntaram se eu estaria disponível às 16 horas. A resposta era NÃO. Eu tava trabalhando a essa hora!
Fiquei esperando lá, sozinha, até umas 20:15hs, quando entrou no CFC um cara magrelo, com os dentes estragados e totalmente desalinhados, com uma jaqueta duas vezes o seu tamanho, e um boné de posto de gasolina. Me perguntou se eu tinha aula, e com que instrutor.
Eu falei: "-Sim, com o Célio, é tu?" ...ao que ele respondeu: "-Sim, sou eu, mas eu não tenho aluno nenhum essa hora, acabei de dar minha última aula do dia, entrei aqui pra bater o ponto e já estou indo embora, tenho que ir pra faculdade."
Fiquei indignada. Dei um piti. Falei que eles estavam me fazendo de palhaça. Que meu horário estava na agenda, e alguém porcamente havia riscado, mas estava ali! E ninguém havia me comunicado da mudança!
Ele disse "-Bah... eu até te daria a aula mas tenho mesmo que ir pra faculdade, tenho prova. Tu mora perto daqui? Quer uma carona?"
Beep! Sinal vermelho. Ele é o instrutor, pensei. Vou ter que andar de carro com ele pra lá e pra cá, de qualquer forma. E minha casa é perto. Ok, aceitei a carona.
Ele veio o caminho todo botando a culpa no senhor Omar, responsável pelos agendamentos, dizendo que avisou pra ele que não poderia ficar até aquele horário, naquela noite, que havia pedido pra ele me ligar, perguntar se eu poderia ir de tarde, e que ao invés disso o senhor Omar havia simplesmente mudado o meu horário sem me comunicar, e foi isso. Já estava ficando com raiva do pobre senhor Omar.
A essa altura, Célio me deu seu cartão, com seu numero de celular pessoal, e perguntou a que horas eu poderia ter aulas no dia seguinte. Bem, pro dia seguinte eu havia marcado as 17horas, mas poderia até mesmo as 16hs. Então ficou combinado que ele me pegaria numa rua próximo ao meu trabalho, que é perto do CFC (sim... ele foi me buscar. lol) ...no dia seguinte, às 16 horas, pra fazer duas horas de aula seguidas, e recuperar a que foi perdida na noite anterior. Cheguei em casa puta da cara, mas achando que finalmente havia solucionado o problema.
Dia 6 de Junho, as 16 horas, eu me encontrava plantada na rua esperando o tal do Célio aparecer. Assim que começou a chover, e eu lá sem guarda chuva né, claro... ele parou o golzinho da auto escola pra eu entrar. Beleza.
Fomos pra umas ruas mais vazias, e ele largou o carro na minha mão. Saí dirigindo, seguindo as instruções dele, tranquilo, até aí tudo bem. Até que tudo começou a ficar estranho.
Célio começou a falar comigo como se eu fosse uma das suas chegadas. Pois é.
Começou a me chamar de "meu amor". De "minha branquela"...
"-E esses seus cabelos cor de fogo, são naturais?" ...
"-Vou te escabelar todinha"...
"-Vai, negrinha, tá nervosa amor? Tem que ser uma mulher relax!" ...
"-Vira na próxima a esquerda, ruivinha"...
Indicou que eu seguisse o caminho que passava na frente do prédio onde eu moro. O prédio é antigo, mas tem uma fachada bem bonitona, até. Ele começou a achar que eu tinha grana. Perguntou se eu morava sozinha ou com meus pais, se eles eram empresários.
Dei vários cortes. Disse que não. Que o prédio era bonito por fora, mas por dentro era pequeno. Ri, como se estivesse levando as gracinhas dele na brincadeira. Mas estava com nojo, e louca pra sair dali.
"-Como pode um mulherão desses ser tão nervosa, tem que ser uma mulher relax, branquela!" ...Aff.
Quando finalmente o tempo das duas aulas acabou, e foram DUAS HORAS aturando as falácias do sujeito no meu ouvido sem poder fazer nada além de cortar educadamente, ele mandou parar o carro perto da minha casa. Perguntou que horas seria a minha próxima aula, no dia seguinte.
Eu tinha marcado duas, das 17 até as 19 horas. Ele falou que não podia nesse horário. De novo. E me mandou ir no CFC as 8 da manhã se quisesse ter aula, senão ficaria sem, novamente.
Mas que porcaria é essa, hein! Não poderiam ter me arrumado um instrutor menos tarado, e que seguisse a porra da agenda? Disse que ok, iria as 8 da manhã. E desci do carro. Correndo. E fui pra casa, novamente puta da cara, de mau humor por causa de... bem... de tudo. E ainda tinha que sair de novo pra dar aula pra minha turma da noite (pelo menos meus alunos desse horário eram uns amores).
E ainda teria que aguentar mais uma hora do lado daquele cara na manhã seguinte.
Dia 7 de junho, 8 da manhã, estava eu no CFC novamente. Célio chegou, pegamos o carro e eu saí de lá dirigindo. Andamos por todo o meu bairro. E pelo centro. As falácias dele diminuíram um pouco, mas não totalmente.
Quando a aula acabou, informei que eu teria mais duas aulas no dia seguinte, sábado. Ao que ele respondeu que "nem pensar", e me mandou remarcar.
Pois bem. Entrei no CFC e fui falar com o senhor Omar. Reclamei muito. Perguntei se eles não podiam me arrumar um instrutor que seguisse a porra da agenda, mesmo que eu tivesse que mudar de carro, que tivesse que mudar todos os meus horários.
Falei pro senhor Omar sobre todos os apelidinhos que Célio resolveu colocar em mim.
Senhor Omar ficou indignado, me trocou de instrutor na hora, e disse que iria reportar o caso ao diretor do CFC.
Também falei pro senhor Omar sobre o mingué que o Célio havia passado, no primeiro dia em que nos encontramos, sobre não poder me dar a aula porque tinha que ir pra faculdade, porque tinha prova.
Seu Omar me olhou incrédulo e disse:
"-Faculdade? O Célio? O Célio é mais analfabeto que eu! Olha pro porte da pessoa e veja se ele tem porte de alguém que frequenta uma faculdade."
Realmente... não tem. Não querendo ser preconceituosa com o coitado, mas ninguém vai pra faculdade com um bonezinho de posto de gasolina. Vai? E se ele tivesse grana pra bancar uma faculdade, bem... ele com certeza arrumaria aqueles dentes. Nojento.
Enfim, meus queridos. A novela ainda não terminou. Senhor Omar me pediu desculpas por tudo, e me garantiu que todos tem elogiado o novo instrutor, para o qual ele me passou. Ainda não o conheço, mas terei aulas com ele na semana que vem. Num corsa. Veremos qualé! Ao menos me livrei do maníaco com cara de mendigo!
~~~~~Update do futuro~~~~~
O instrutor novo era excelente. Ganhei um carro novo. (não meu, do CFC. Eu só dirigi ele por um tempo). E hoje, 3 de dezembro de 2013, a novela finalmente terminou! Se quiser saber como essa história continua, clique aqui.