sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ter, ou não Ter... eis a questão!

     Não me julgue pelo título do post. Sim, ser é muito mais importante do que ter, quem você é é o que define você nesse mundo, e não o que você tem, e bla... bla... bla.

 Mas não estou me referindo exatamente à posse, a bens e coisa e tal. Estou me referindo à filhos.





     Quem já conversou comigo, ou acompanha meu twitter, ou facebook e o escambau, sabe que filhos não estão nos meus planos. Sempre pensei no meu futuro como uma vida independente, ter um emprego que eu ame, onde ganhe o suficiente pra viver confortavelmente, e feliz. E ser livre pra viajar. Pelo menos uma vez por ano. Conhecer o mundo. Nunca parar de estudar, aprender todos os idiomas que meu cérebro conseguir assimilar como uma esponjinha, e passar um tempo em algum país, depois em outro, e talvez outro... aprendendo sobre a cultura, aprendendo a cozinhar as comidas diferentes que eles tem em cada lugar, aprimorando minhas skills no idioma, e coisa e tal. O mundo é tão grande! Há tanto pra se aprender, pra conhecer, pra que ficar se prendendo a um lugar, e restringir a vida a ele, não é mesmo?
     Pode parecer uma jornada meio solitária para os padrões sociais de "casar, construir uma casinha e encher de crianças", mas não me imagino com uma vida assim. Não vou dizer que é medíocre... não é isso. Só... não é pra mim. Ser dona de casa. Ser ~a mulherzinha~ de alguém. Minha vida é minha, se alguém quiser me acompanhar, que venha, se não, fica pra trás meu amor!


     You may say I'm a dreamer... but I'm not the only one...
Devem haver outros ~dreamers~ que também sonham em fazer isso em algum ponto da vida. Ainda conhecerei algum, disposto a me acompanhar nessa jornada. Se não, também, vou na minha. O mundo tem bilhões de pessoas pra se conhecer! Bilhões de possibilidades!
     Mas vamos voltar ao ponto onde esse post começou. Filhos. Realmente, não vejo filhos nesse futuro que planejo pra mim, por uma série de motivos. 
     Um deles é que um filho exige atenção. Não vou ter um filho pra deixar largado em uma creche, ou largado pra minha mãe cuidar, enquanto eu vivo a minha vida. Se é pra ter, que cuide. Direito. Limpe a bunda, dê comida, banho, acorde de madrugada pra amparar, eduque, de carinho. Não largue o SEU filho pra outras pessoas cuidarem. Nem se essas "outras pessoas" forem seus pais, avós da criança. Ele é seu, a responsabilidade é sua (e do pai, obviamente). Eu acho que minha mãe já teve a cota da vida dela de "cuidar de bebês", cuidando de mim e do meu irmão. Ela fez, ela cuidou. É justo eu fazer e largar pra ela cuidar? Não, se eu fizer, eu cuido, certo?
     Outro motivo, é que filho exige dinheiro. Desde antes de nascer. Montar o ~quarto do bebê~ deve custar uma pequena fortuna. Daí tem médico, anestesista, hospital. Depois tem fraldas, roupinhas que mudam de tamanho a cada poucos dias, mais fraldas. E papinhas. E mais tarde tem material escolar, e escola, e mil e uma coisas que criar uma outra vida exige. ~Ah mas existem serviços públicos, creches, escolas~ você me diz. E a qualidade do negócio? Depois, não quero largar a criança no meio de mais umas cinquenta, pra uma mulher estranha cuidar sozinha. E pra ter grana pra bancar tudo isso, terei que trabalhar com todo meu suor. Não que isso seja um problema, mas ser livre pra trabalhar com afinco exige que eu caia na questão numero um: largar a criança pra outras pessoas cuidarem. Daí a criança cresce e tu nem vê, porque tava ocupada correndo atrás do sustento dela.
     Acho que essas são as questões principais. E também, não vejo como arrastar uma criança pra vida ~dreamer~ de peregrinar por aí, que citei antes. Até porque nem sei se vou ter grana pra isso, pra EU poder fazer isso. Daí a fazer isso arrastando uma criança que não tem nada a ver com a história, comigo? De jeito nenhum!
  

     O que me levou realmente a escrever esse post, entretanto, não foram meus "não-planos" sobre filhos. Foram os planos de terceiros, que de certa forma me chocaram, no sentido de como a cabeça do ser humano é pequena, em alguns casos.
     De novo, quem acompanha meu twitter deve ter lido uns relatos aí, mas enfim... vamos a eles. Esses dias estava eu, na sala de espera da auto-escola, esperando meu instrutor novo (que por sinal é muito bacana), pra fazer mais uma aula prática. Nisso, ouvi uma moça conversando com outra. Veja bem, não foi intromissão, ela estava falando ALTO PRA CARAMBA. Não tinha como NÃO ouvir. O fato é que ela estava falando sobre como estava indo a dieta dela, e do ódio pela nutricionista, que não deixava ela comer nem um chocolate sequer. E da necessidade de emagrecer tudo que queria nos próximos 6 meses, porque no fim do ano ela queria engravidar.
     Fiquei pasma, tipo: "Gente, como assim? Como assim ela QUER engravidar? Como assim ALGUÉM quer engravidar?" Na minha cabeça, engravidar é algo que vem sempre associado à palavra "EVITE". "Evite engravidar". Tome anticoncepcionais, use camisinha. Previna-se. Previna-se de pegar uma dst, ou ...um filho. Podiam fazer campanhas disso. Tem tanta gente aí, parindo à rodo, sem a mínima estrutura emocional e financeira pra criar uma criança. Gente que ainda nem amadureceu a própria cabeça, já arrumando uma outra vida pra criar e educar. O problema é que os únicos pré-requisitos pra uma criança vir ao mundo são um pênis e uma vagina. E hormônios. Não há critérios! Não há pré-requisitos. Não há um lugar onde você assine, alegando que está preparado psicologicamente, emocionalmente, e financeiramente pra ser mãe/pai. Simplesmente ...acontece. Se você quiser. Se não se cuidar, e prevenir. Ou se você for leviano, nem que "só por uma noite". E aí, é pra vida toda, meu bem. Não é algo do qual você enjoa e descarta. É um compromisso. De vida. Da sua vida, inteiramente dedicada agora a um outro serzinho.
     Veja bem, você que tem um filho. Não me odeie. Eu não odeio crianças. Só não quero uma pra chamar de minha (e não compreendo como alguém possa de fato querer). Mas tem gosto pra tudo! :)
     
     No dia seguinte, topei com essa moça de novo. Dessa vez fui eu que bati um papo com ela. Ela entrou novamente no assunto, então resolvi perguntar que idade ela tinha. Dezenove anos. 19! Casada a 3. Casada DESDE OS DEZESSEIS ANOS! E estava lendo um livro chamado "Casamento Blindado: O seu casamento à prova de divórcio".
     Daí eu me pergunto. PRA QUE? Pra que casar tão cedo, meu bem? Me coloco no lugar dela e, com 16 anos, se comparado ao que sou agora, era totalmente uma pirralha. Aos 19, não sabia o que queria da minha vida. Agora aos 22, recentemente, comecei a dar um rumo concreto pra ela. Porque alguém iria querer um filho aos 19 anos? Pelo que eu vi do livro que ela estava lendo, e pelo que ela me contou sobre o casamento dela, deve ser pra segurar o marido. 
     Bom... só digo que não tem filho nesse mundo que "segure" um cara. Se ele quiser te trair, ele vai. Se ele quiser te largar e só voltar pra ver a criança de vez em quando, ele vai. É justo? Não. Mas a vida é injusta. E é o que eu disse antes... é um compromisso que você assume com essa criança, pro resto da sua vida. Daí depois a criatura se separa, e sai à procura de qualquer otário pra dar um teto, pra brincar de casinha, e pro filho ter alguém presente pra chamar de "papai". :)

   Mais tarde resolvi googlear sobre o livro, pra ver do que se tratava, e pasmem. É livro de crente. "Descubra como ~resgatar o amor~ e proteger o seu casamento dos ataques constantes que tentam destruí-lo." Vendido lado à lado com livros do senhor Edir Macedo.
     Por "resgatar o amor", entende-se que o cara tá saindo pra pescar piranha todo fim de semana, e a mulher em casa, lendo essa tralha, e dizendo pra si mesma que "é só uma fase". Os "ataques constantes que tentam destrui-lo", devem ser das piranhas, certo? Cara... tem mais é que dar um pé na bunda desse infeliz, chutar o cara pra bem longe da sua vida! Não se amarrar ainda mais a uma relação que já não existe mais, e ainda colocar uma criança no meio. 
     Sensatez anda em falta nesse mundo.

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     Só pra finalizar, se liguem nessa reportagem que saiu na Zero Hora um tempo depois dessa postagem ser escrita:

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Mãe, o que é isso?

   Hoje um menininho, no auge dos seus não mais que 4 anos, fez a alegria do meu dia. Garantiu umas boas risadas. Nada melhor do que ver o constrangimento alheio perante a inocência infantil, pra dar um up no humor de qualquer um, certo? É, pode ser.
     Negócio é que saí do trabalho e lembrei que tinha que passar na farmácia. 
    Aliás, algum dia alguém me explica o que eu tenho de errado, que não consigo entrar numa farmácia e sair de lá sem um esmalte novo. Quem vê até pensa que eu faço a unha toda semana, que só posto fotos de unha no instagram, e tenho um blog de nail art. Bem, meu blog... tem um título auto-explicativo, meu instagram tem basicamente fotos minhas e de comida de gordo, e só faço a unha quando dá uma inspiração dos céus (de vez em nunca). Mas tenho uma caixinha cheia de esmaltes. Vai entender. Enfim... não era disso que eu estava falando.
   Depois de escolhido meu esmalte novo, fiquei esperando na fila do caixa pra comprar um remédio. Tinha uma moça na minha frente, mãe do menininho. Enquanto ela se distraía falando com a atendente da farmácia, o filhinho dela de distraía com a gôndola de camisinhas. Até que ele escolheu uma. Vermelha. Levantou-a acima da cabeça e disse "MÃE, O QUE É ISSO?".
     Quando a mãe resolveu prestar atenção na criança, e viu a que ele se referia por "isso", soltou um "E agora?". Olhou pra mim, pessoa mais próxima, e me perguntou: "E agora, o que é isso?" 
Falei que era algo que por enquanto ele não ia precisar usar. Ela continuou pensando. 
"-Âãããhhmmm... ãhmmmm... ah... é um bandaid. "
"-Eu quero, mãe!"
"-Mas a moça não vende pra criança."
"-Mas mãe, tem uma onça!" - e enquanto ele falava, continuava se erguendo na ponta dos pés com a camisinha acima da cabeça, tentando colocá-la em cima do balcão do caixa.
Daí então veio a melhor parte. A mãe disse pra ele: "A moça só vende esse pra gente grande."
E sabe qual foi a resposta dele? Ora... foi a melhor resposta de todas!
"-Mas eu sou grande! A minha prof vive falando que eu estou tão grande, que ela nem consegue me carregar no colo mais!"
    Tive que rir. Não consegui segurar o riso. Nem a atendente da farmácia conseguiu. E o menininho continuava insistentemente tentando alcançar o topo do balcão e jogar a camisinha lá em cima, enquanto a mãe tentava desesperadamente enfiar a carteira de volta na bolsa pra sair dali o mais rápido possível.
    Quando finalmente conseguiu, guardou a camisinha de volta na gôndola, pegou o menino pela mão, saiu e não olhou pra trás.


"Tem uma onça!"
Não, a Prudence não me pagou nada pela propaganda gratuita, nem me deu um estoque vitalício de produtos da marca nem nada...