sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Atrasada.

     Engraçado como eu sempre começo os posts explicando o título, e como ele não tem nada a ver com o que você provavelmente pensou. Bom, esse aqui não vai ser diferente. Na verdade vai, comecei com a "explicação da explicação". Enfim.
     Muitas vezes na vida, em vários aspectos, já me senti atrasada, já me auto-rotulei como atrasada. Mas não se trata de pontualidade, especificamente. Nesse quesito, sou até meio que neurótica, extremamente pontual, adiantada até, eu diria. E contraditoriamente, detesto atrasos. 
     Aonde me sinto atrasada, são nas coisas mais complexas. Coisas da vida. Decisões, e passos que a gente dá, que definem rumos e coisa e tal.




     Tudo na minha vida sempre aconteceu depois. Depois da "média". Depois que com a maioria. Ou ao menos um tanto diferente. 
     Quando novinha, enquanto minhas amiguinhas queriam brincar com seus celulares, eu queria andar de bicicleta. Enquanto elas estavam tendo suas primeiras paixões platônicas, escrevendo o nome de um carinha qualquer dentro de um coração da última folha do caderno, eu assistia pokémon e tinha vergonha de falar com meninos. Sim, eu já tive vergonha de falar com meninos. E acho que nunca passei pela fase de escrever nomes em corações na última página. 
     Enquanto elas estavam começando a ir pra baladinhas, e dando seus primeiros beijos na boca, eu superei minha "fobia" de falar com meninos, e descobri que eles podem sim ser ótimos amigos. E eles tinham figurinhas pra trocar, pra completar meu álbum do pokémon. 
No fundo a minha "fobia" era pura insegurança de que a menina gordinha ia simplesmente ser alvo de zoação, o que mais seria? E aí descobri que vários deles até me achavam legal. (alguns ainda queriam me zoar, alguns só me queriam como uma forma de aproximação com "aquela amiga gatinha", mas não se pode ter só flores na vida...)
     Quando eu finalmente fui pra uma baladinha, quando eu finalmente dei meu primeiro beijo na boca, algumas delas já tinham beijado mais caras do que conseguiam contar. Algumas anotavam em um caderninho pra não esquecer. 
     Quando tive então a minha fase de paixonites platônicas, algumas já tinham um namoradinho, que levavam pra casa pra namorar escondido enquanto os pais não estavam.

     E aí se passaram anos. Amigos se fixavam em seus empregos, enquanto eu tinha acabado de largar o meu primeiro. Amigos iniciavam faculdade, botavam faixa de "BIXO" na frente de casa, enquanto eu não sabia o que queria da vida, e ficava em casa jogando Donkey Kong, assistindo anime e aprendendo inglês.
     E quando finalmente tive meu primeiro namorado, o único cara que eu já trouxe pra casa, o único cara que apresentei pra família, algumas amigas já estavam noivando. E casando. Ou indo morar junto. 
     E eu pensando "gente, mas que cedo!" ...feliz da vida indo pro meu cursinho pré vestibular.

     Fui a última a dar o primeiro beijo. Fui a última a ter um namorado. Fui a última a ter um coração partido. Fui a última até a ter a primeira menstruação, mas isso não vem ao caso!
     Fui a última a resolver o que queria da vida, e hoje, enquanto estou feliz comemorando a minha decisão, feliz com o meu PRIMEIRO de muitos semestres de faculdade que ainda virão, feliz por ter um emprego que eu adoro (e que só conquistei porque, lá atrás, fiquei em casa "fazendo nada", e estudando inglês), e que me torna capaz de bancar meu próprio estudo... 
     ...enquanto estou comemorando esses primeiros passos, essas pequenas vitórias, meus amigos do tempo de escola compartilham fotos e convites para suas formaturas. Planejando casamento. Filhos.
     Vou, muito provavelmente, ser a última a me formar. Ser a última à sair da casa dos pais. A última a conhecer "o amor da minha vida". A última a aprender a dirigir! (ainda estou tentando tirar minha habilitação). E quer saber mais? Não estou com a mínima pressa!
     Sempre levei a vida no meu próprio ritmo. Meu relógio interno gira ao seu próprio passo. E não, eu não sou atrasada. Nem acho que os outros sejam adiantados. Só acho que a vida não é uma corrida. 
Não é uma competição pra ver quem "chega lá" primeiro. Até porque, a vida é uma eterna renovação. 
     Todo dia é uma oportunidade de começar algo novo. E o que eu faço, gosto de fazer bem feito. Não fazer por fazer, mas entrar de cabeça. Com todo meu potencial, com todo meu coração. E até encontrar o que me prenda, algo assim, apaixonante, eu levo tempo. E se não for pra ser assim, se não for pra ser intenso, que não seja.

     Hoje, meus caros, é meu aniversário. Hoje completo 23 anos. E quando falo que sim, tenho vinte e três anos, as pessoas tendem a não acreditar. Chutam que eu pareço estar na faixa dos 19. Seja por aparência física, seja porque estou fazendo hoje o que pessoas costumam fazer lá pelos seus 18, 19 anos. 
Entretanto, estou feliz por ter tomado as decisões que tomei somente agora. Quando eu tinha, de fato, meus 18 anos, não tinha a maturidade que tenho hoje. Não tinha a cabeça que tenho hoje. E tinha muito, muito mais inseguranças do que as quais eu conseguia lidar. 
     Hoje, eu aprendi a matar leões. Aprendi a levantar o queixo e dar a cara à tapa. Aprendi que a minha vida, e o rumo que ela toma, depende unicamente de mim, das minhas decisões. E principalmente, aprendi que ir na direção correta é muito mais importante do que ir rápido. De que adianta correr, pra chegar lá no final, olhar pra trás e se questionar? Sobre quais poderiam ter sido os outros caminhos, se tivesse parado um pouco mais pra refletir sobre a própria vida, os próprios gostos, as próprias vontades... o que você está fazendo hoje, é aquilo que realmente queria estar fazendo? Questione-se.

domingo, 8 de setembro de 2013

1º Vez (em um motel)

     Não, essa não é uma história romântica, ou uma história de amor. Muito menos um conto erótico. Atenha-se ao título do blog, esse é e sempre será o tema primordial das postagens, aqui. É óbvio que essa história não vai acabar bem, mas provavelmente acabará com você rindo da desgraça alheia. Esse, esse sim, é o objetivo! Porque primeiras vezes... a gente nunca esquece. (embora algumas vezes, queira).
      Não se trata do relato da primeira vez ever... mas da primeira ida a um motel, de fato.
Se você é virgem e quer ter sua primeira vez, e escolhe um motel como "o local ideal", a resposta é não. Junte as duas coisas: primeiro sexo e primeira vez em um motel. Pode ser traumático!
     Enfim... eu era quase casada com o cara. Quase casada no sentido de que a casa dele era minha casa, a cama dele era minha cama, eu escolhi e comprei os lençóis, os travesseiros, e o cobertor. Passávamos dias morando juntos, dormindo juntos, tomando banho juntos, cozinhando, almoçando e jantando juntos. Lavando a louça juntos. Não fosse pela minha quase nenhuma empolgação de me mudar de mala e cuia (e de cidade), e abdicar do meu próprio cantinho particular de vez. Mas as portas da minha própria casa estavam sempre abertas pra ele, também. Tipo "da família", sabe? O negócio é que ter lugar privativo definitivamente não era um problema. O que fez o 'uso' de motéis totalmente desnecessário, até então.
      Até que uma bela noite, a curiosidade matou o gato.
     Ele sabia que eu nunca tinha ido a um motel. Ele dizia que nunca tinha ido a um motel, também. (sei...)
    Férias. Estávamos rodando por aí, sem rumo. Ouvindo musica no carro, no talo, no maior estilo "infinita highway", cantando junto com o som, como se nossas vozes prestassem pra isso, como se não houvesse amanhã, como se não houvessem preocupações ou problemas no mundo. Just for fun. 
     Até que passamos por algumas luzes de neon. Seguimos caminho. Mais luzes de neon. 

(porque é que letreiro de motel é sempre em neon?)

       Trocamos olhares. E aí, vamos? Vamos. Em qual? Não faço a mínima idéia. Tem um ali na frente, entra à direita. É, vai ser esse aqui mesmo. É o que tem pra hoje. RG por favor? Qual a suíte? Pawww... a maior/mais cara de todas. Porque se é pra ir, que vá com estilo. 
    Chave na mão, paramos o carro na garagem da suíte. E à partir daí, começou o romance. Mentira. 
       Começou a parte de ~explorar o local~ ...ÓBVIO!
  

      Já viu criança entrando num fliperama pela primeira vez? Então... mais ou menos assim. Cada um corre pra um lado, apertando todos os botões, pra descobrir o que cada um faz. Abrindo todos os compartimentos. Descobrindo coisas. Igualzinho!







     A suíte tinha dois andares. No segundo andar, descobri uma banheira hidromassagem. Redonda. Enorme. Meu sonho (de pobre) era ter uma banheira em casa, pra brincar com quilos de espuma, depois me encostar e relaxar como as pessoas fazem nos filmes, e/ou nos comerciais de shampoo infantil. 

<~ mais ou menos assim.

Quando na realidade, o que sempre tive foi uma ducha gorducha, da corona, pela qual a água escorria sem nenhuma pressão.
     Tomar um banho de banheira era algum tipo de realização, sei lá. E ali estava uma banheira, todinha pra mim... digo... pra nós. 

Apertei um botão aleatório na parede, e de repente O TETO SE ABRIU! Chamei ele pra ver. Tá aí! É por aqui que vamos começar! Calor, hidromassagem, sob um teto de estrelas. Entrei em êxtase! "Quero um troço desses na minha casa, agora!" - pensei. 
Onde é que liga? Espera encher! Olha! Tem sais de banho! ~~~boooolhas de sabão~~~ 

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      Sim, meus amigos. Sais de banho. Sais de banho foram a minha ruína.
     Haviam 2 tubinhos de sais de banho ali. Já me imaginei nadando em espumas sem fim.
    Despejamos o primeiro tubinho INTEIRO na banheira, sem dó. Entramos na banheira, e tal e coisa, e coisa e tal... de repente a espuma começou a sumir. 
     - "Como assim??? Mas que propaganda enganosa! Cadê aquela coisa igual dos filmes, que a espuma cobre toda a água? Ah não... calma aí, ainda tem outro tubinho! Vou usar ele também. Peraí que vou lá buscar." (péssima idéia).
     Pois é, meus amigos. Péssima idéia. O negócio é que, como a banheira ficava numa área externa, ela era contornada por granito, embutida na pedra, sabe? Tinham degraus de acesso e tal. Degraus esses, cobertos de sabão. Mais lisos que pista de boliche. 
      Só deu tempo de ele me dizer: "Cuidado pra não escorregar!"- Tarde demais.
     Foi um tombo lindo, não fosse tão trágico! Dei um loop de 360° no ar, antes de cair estatelada de costas no chão! 
     Tá, óbvio que não dei um loop, mas foi como eu me senti. Fiquei sem ar. Não sentia mais nada. Ele levantou desesperado pra ver como eu estava, e me ajudar a levantar. 
     Morrendo de dor, e com a dignidade no fundo do poço, peguei meu segundo tubo de sais e voltei pra dentro da banheira, pra ver se a água quentinha aliviava minha dor. Pro inferno com esses sais, nem queria mais! 

    Ele levou na boa, e riu da situação, claro. Rimos, os dois. Eu teria rido mais, se não tivesse doído tanto.
     Claro que depois disso, os planos da noite não foram mais os mesmos... consegui quebrar o suposto encanto da noite, do local.
      Quando finalmente a dor começou a aliviar, saímos da banheira. Ok, vamos tomar uma chuveirada pra tirar esse sabão, e ir pra cama, então. 
      Não gostei da cama. O colchão era ruim, fino e forrado. Revestido com algo gelado que fazia barulho quando a gente se mexia. Parecia recoberto por couro sintético, com um lençol por cima. 
     O que me fez imaginar o porquê disso. 
     E a conclusão que cheguei não foi das mais legais.
     Ora, pessoas iam frequentemente naquele lugar pra trepar. Se fosse um colchão comum, o pobrezinho absorveria fluidos corporais de dezenas e centenas de estranhos. Sem chance. 

    Aquela cobertura impermeável no colchão permitia que o mesmo fosse limpo. Ainda assim, essa percepção tornou o local ainda mais desconfortável. 
     Depois de tudo isso, obviamente o ~amor~ não fluiu como deveria, como o imaginado. Nem perto disso. Nem 20% disso. Eu só queria voltar pra casa, pro colchão de sempre, o qual eu sabia a procedência. Mas não falei nada. Tadinho do cara, pagou a pernoite e a situação ficou completamente fora dos "padrões". Ele virou pro lado e dormiu. 
     Já eu, não consegui pregar os olhos naquele lugar, naquele colchão. Fiquei deitada desconfortavelmente na mesma posição, o resto da noite (porque virar pro outro lado era impossível, estava tudo latejando devido ao tombo). 
     Fiquei lá, com os olhos arregalados no escuro, imóvel, morrendo de dor, ouvindo os roncos dele, e os ...barulhos... das suítes vizinhas. Alguém ali tinha se dado bem... bem melhor que eu.
      Amanheci com um hematoma roxo/preto, inchado e enorme, na região da omoplata esquerda. Lembrança do meu vexame. A marca e a dor ficariam ali por pelo menos mais duas semanas, até pensarem em começar a mudar de cor... ficar esverdeado... amarelado, até então, finalmente sumir. 
       Tomamos café da manhã, praticamente quietos, e fomos pra casa como se nada tivesse acontecido.


(não reclamarei mais da minha gorducha...)